Wednesday, November 25, 2015

A PERSISTÊNCIA DO ROCK AND ROLL

O rock and roll é só uma fase, vai passar. O rock and roll está morto. Você quer conhecer umas meninas? Você tem que ir a um show de sertanejo.

Vocês já devem ter ouvido essas frases ao longo da vida. Vocês que não desistiram de montar uma banda de rock and roll. "Isso dá dinheiro? Vai trabalhar, vagabundo", quem nunca ouviu isso, na verdade, nunca teve uma banda de rock and roll.

Enquanto existir alguns moleques com o espírito de arrancar suas vísceras todas as noites em cima do palco, do outro lado vão existir fãs encharcados de suor, com a alegria estampada no peito após presenciarem sua banda predileta dar o sangue em guitarra, baixo e bateria.

Nesse meio, nesse cenário do rock brasileiro, você vai cair em vários contos do vigário, um homem de sorriso fácil vai lhe prometer mundos, e o máximo que ele vai te devolver será um enorme sinto muito. Aquele cachê que você está esperando receber desde 2001, aquela promessa do melhor produtor do país, foi mais uma vez enviada para a lixeira de seu computador.

E qual é a força que te faz prosseguir? Eu não tenho banda, nunca tive, mas acho que não deve ter sensação melhor na vida do que ver o público cantar uma música que você criou, VOCÊ, você que estudou noites sem parar aquele mesmo acorde, deixou de fazer uma pá de coisas, gastou dinheiro em instrumentos e muitas vezes teve que se virar com um pão com manteiga. Não deve ter sensação melhor na vida do que lançar o primeiro disco.

Então é isso. O nome deles é Liférika, e eles fazem rock and roll!


Monday, November 23, 2015

UMA FEIRA PARA TODOS OS GOSTOS



A 16 Feira de Cultura de Embu das Artes foi realizada no último domingo(22), e contou com a presença de um público estimado em 2 mil pessoas.

O evento apresentou diversos palcos musicais, com estilos que iam desde o forró, passando pelo rock, até o eletrônico.

Diversas barracas de comidas, muitas opções para o público se esbaldar: balas de coco, cachorro-quente, carne louca, acarajé, bebidas indianas, entre outras milhares de especiarias.

Acompanhamos o palco rock, a primeira banda a se apresentar, foi uma de white metal, nada contra o estilo, mas parecia não combinar muito com o evento, e com a proposta do palco rock. No ano passado, tivemos um palco só dedicado a essa vertente dentro do metal.


O Liférika, banda residente de Taboão da Serra, entrou no palco com seu arsenal de rock and roll, apresentando as músicas do seu primeiro trabalho, e algumas covers bem interessantes, "Bete Morreu", do Camisa de Vênus, "Helter Skelter" do Beatles, e uma outra canção dos Rolling Stones.

Liférika em ação


A banda estava muito ansiosa por tocar pela primeira vez na Feira de Cultura, e por ter sua família prestigiando o evento. Não se deixaram abalar e executaram um show primoroso.

Ternoff, outra banda do Taboão, tocou músicas do seu ep, baladas que fariam os fãs do Pearl Jam aplaudirem sem dó. A banda tocava uma cover da banda citada na última frase, e enquanto isso, o público tentava se proteger da chuva. Caía o mundo, mas mesmo assim os roqueiros não arredavam o pé.

Santa Zona, já entrou chutando tudo, com a galera nas mãos, cantando todas as músicas, a banda de Zé Zona e Cia não tem nenhum defeito. Repare no baixista, Alexandre, preste atenção no guitarrista Renê, fique olhando para o animal na batera, Mário, não tem "quaisquaisquais" não tem papagaiada, é rock and roll contagiante, enérgico, letras contra o politicamente correto, um ode ao lema sexo, drogas e rock and roll. Como disse o vocalista José Dutra:" é disso que o rock está precisando, chega de alisar... vamos pra porrada!".

SantaZona ao vivo


Endigna, também do Taboão, era a banda mais pesada do dia. Influências de Sepultura, Pantera( eles fizeram uma releitura de "Walk" da banda texana), Claustrofobia,entre outras bandas nacionais, e com letras em português, não deixou o público de Embu respirar. Thais, vulgo BabyDrunk, detona no gutural sem misericórdia. Como ela consegue cantar assim desde os 15 anos-essa é a pergunta?
A vocalista ficou muito emocionada ao perceber seu pai no meio da multidão, era a primeira vez que ele assistia a um show da filha, e estava também muito comovido. Sua filha bradou à todos os ventos que o amava e em seguida mandou um metal de estourar os tímpanos pra galera. Nada melhor que isso.
Vamos torcer para que a banda acerte os problemas internos, pois, houve uma troca de integrantes, os fã do Endigna estão cada vez mais sedentos.

É muito importante eventos como esse, para ajudar, incentivar a população a ter um pouco de cultura, ao invés de ligar a televisão e ficar bitolado pelas notícias que são nos impostas.

Parabéns, Embu! Nos encontramos no próximo ano.

Fotos: Mila Pinheiro

Thursday, November 19, 2015

A não ser um sonho...

Você tem um coração bom, mas fez escolhas erradas. Ou eram as únicas escolhas possíveis.

Você tem um coração bom, mas escolheu sangrar. Você tem um coração bom, mas preferiu escolher os amigos e a sua família. Em um mundo onde é bonito arrancar fora o coração e morrer a cada duas horas.

É possível desistir no meio do Tsunami?

Você tinha um sonho, você tentou a sorte em outra cidade, você tinha uma boa garota, um filho, um emprego e um pai para cuidar.

Ao entrar no estádio do seu time do coração, você lembrou que não tinha mais nada...

Friday, November 13, 2015

ARREBENTANDO A CIDADE!


                      Foto: Mila Pinheiro




No último domingo(8/11), conferimos a banda Válvera no Espaço Som, na Teodoro Sampaio.

Um lugar bem legal, com uma excelente acústica, e uma ótima localização, perto do metrô Clínicas, em São Paulo.

O evento começou por volta das 17 horas.
A primeira banda à subir no palco foi a banda de hardcore, Articulados. Executam uma boa "mistureba" desses estilos. Com o guitarrista devidamente trajando a camiseta do Suicidal Tendencies, e o vocalista berrando igual a um animal. Sua postura lembrou um pouco Gref Graffin do Bad Religion. O final, com a cover matadora de "Sabotage" dos Beastie Boys foi a prova de que a banda escolhe muito bem suas influências.

A próxima banda a se apresentar, já dispensa apresentações. O Válvera lançou seu primeiro disco há pouco tempo, mas a cada show, eles estão subindo de patamar.

(Antes de começar o show do Válvera, nos autofalantes estava rolando Metallica, não poderia ser trilha sonora perfeita para a banda fanática pelo Metallica, ao ser indagados se foram eles os responsáveis por escolher as músicas do Metallica, eles falaram que não, mas se um dia tivessem que escolher, seria exatamente esse som a trilha sonora antes da banda entrar ao palco)

Começaram arregaçando tudo com "Pra Baixo dos Pneus", título do seu primeiro videoclipe . Na sequência, "Hora do Show" agradou até as crianças que estavam no recinto, em cima do palco, e circulando tranquilamente em um evento de rock 'n' roll.

"O Céu Pode Esperar" veio chacoalhando todos, com um ótimo refrão sendo cantado pelos backing vocals de Rodrigo Torres.

A próxima canção da banda, "O Miserável" começa com uma linda introdução de baixo de Jesiel, relembrando os bons tempos do Iron Maiden.

Uma banda que sabe executar e realizar uma música, construindo- a de uma forma que lhe faça querer escutar mais uma vez, assim é o Válvera na música "Sangue e Ouro". Glauber Barreto é um frontman de mão cheia, e Vini( batera) é uma das revelações desse instrumento em 2015.

"Extinção" , a primeira música disponibilizada pelo quarteto na internet, com o lyric video, é uma porrada sem fim. Atente-se a letra, onde o guitarrista Rodrigo desenvolveu a letra após passar em uma estrada escura, numa noite macabra. Marcante!

Pra fechar o show, a música que dá nome ao disco, "Cidade em Caos", fazendo mais uma vez quem esteve presente em um show do Válvera, agradecer por ter visto essa hecatombe.

Se você nunca assistiu um show da banda, você não sabe o que está perdendo.

Friday, November 06, 2015

LIFÉRIKA!


Power trio. Nada mais clássico do que uma banda de rock and roll com três integrantes.

Power trio. Guitarra, baixo e bateria.

Power trio. Eles vieram do Taboão, e fazem um rock and roll poderoso.

Power trio. Estão lançando o seu primeiro álbum, que leva o mesmo nome da banda, Liférika.

Power trio. Diego Alves, um guitarrista de primeira, você percebe quando o cara é bom, assim que ele liga o seu instrumento, o som que sai da sua guitarra é de cair o queixo. Nos shows, o cara canta com raiva, as veias aparecendo, da estirpe de Bruce Springsteen, Brian Fallon e Joe Strummer.

Power trio. Adriano Nascimento é um discípulo dos grandes baixistas de punk. Seu instrumento e seus backing vocals são da escola de Matt Freeman do Rancid. Estão em ótima companhia, não é mesmo?

Power trio. Caul SP-batera, é ligado nas bandas mais hardcore, mas nem por isso deixa de ter um ótimo entrosamento com os outros dois integrantes da banda. Sua marcação nas músicas é certeira, lembrando os bons tempos dos Ramones.

Vamos dissecar faixa a faixa do disco:

Em Sã Consciência: Você já deve ter passado por isso, ou conhecido alguém que teve um relacionamento completamente maluco. Onde a saída mais próxima é o manicômio. Uma grande faixa de abertura de um álbum, o grito de "uhuuu" permanece na sua mente, e o refrão também. Procure o videoclipe, é uma obra-prima underground.

Brincando com a Sorte: Uma história de amor em formato rock and roll, cuidado com as feministas! É melhor terminar um relacionamento antes que seja tarde demais...

Ao Velho Mundo: Às vezes parece que nos relacionamos com atores/atrizes que desempenham vários papéis durante o ano, e nunca sabemos qual é o verdadeiro. "Ao Velho Mundo, bye bye", uma frase que faz sentido se você quer pegar o trem mais rápido possível e ir sem nunca mais voltar.

Meu Amigo:  Os  amigos. Alguns ficam pelo caminho. Alguns desistem de seus sonhos, alguns dão muita mancada. Seguir uma vida comum ou embarcar na estrada do rock & roll? São poucos que resolvem encarar a vida olhando na cara do furacão e solando sem parar...

Cilada: A canção mais marcante, pelo menos pra mim, um refrão matador,  quando você menos esperar, estará gritando:" não adianta me provocar, nessa cilada eu não caio mais..."

Memórias: Uma canção no estilo Johnny Cash, uma das influências da banda, infeliz do homem que não guarda dentro do seu coração algumas memórias que o transformaram ao longo da vida.

Agatha: Conversando com o Adriano, eu achava que essa música se referia à uma garota de programa, prestem atenção na letra:" toda noite uma emoção diferente, sempre um enredo diferente que leva ao mesmo final". Eles me falaram que não se trata de uma prostituta, e sim de um caso de algum dos integrantes da banda. Muito bom.

Alucinações: Dentro de um quarto de hotel está uma mulher e um homem. Quantas histórias existem entre os dois? Quantos fantasmas? Quantas decepções? Será que existe um final feliz?

Ao seu Lado: Casais machucam um ao outro diariamente, às vezes um relacionamento conturbado pode durar 5, 10 anos, e vocês aí na mesma, se agredindo, se ferindo, tudo isso em nome do amor?

Rua Augusta: A rua mais rock and roll de São Paulo, serve de história para uma das canções mais legais do Liférika. Quem já viveu, andou por lá, sabe que em questão de segundos, tudo pode acontecer: você pode conhecer a mulher da sua vida, você pode ter uma noite de farras, ou você pode curtir só um rock and roll e sair feliz da vida na madrugada.

Cigarros e Bebidas: Em um mundo cada vez mais careta, a banda prega a diversão. Curta a vida, ela é curta. Não se arrependa de nada , pode ser tarde. Erre, acerte, mas faça de verdade.

Chuck Berry's Blues: Pra quem ama rock 'n' roll dos anos 50, escutar uma excelente música onde o excelente vocalista berra Chuck Berry, não existe nada melhor que isso. Fecharam com chave de ouro o disco.


Obrigado, Liférika, o som de vocês nos faz ter fé no rock and roll.

Nos vemos no próximo show...